terça-feira, 25 de abril de 2017


Cientistas desenvolvem útero artificial para ajudar bebês prematuros

Nature Communications
Cordeiro com 107 dias de gestação e no 4º dia no suporte extrauterino
Cordeiro com 107 dias de gestação e no 4º dia no suporte extrauterino

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Cientistas nos Estados Unidos desenvolveram um útero artificial a partir de uma bolsa preenchida por fluido, conhecida como um suporte extrauterino. O dispositivo pode transformar o tratamento de bebês que nascem extremamente prematuros, aumentando significativamente as chances de sobrevivência.
O órgão artificial "é projetado para dar continuidade ao que ocorre naturalmente no útero", disse Alan Flake, cirurgião fetal no Hospital Infantil da Filadélfia e um dos autores da pesquisa.
Em estudos pré-clínicos com cordeiros, os pesquisadores conseguiram simular o ambiente do útero e as funções da placenta, dando a prematuros a oportunidade crucial para desenvolver os pulmões e outros órgãos.
Minutos após nascer, o cordeiro foi colocado na bolsa, e seu cordão umbilical foi conectado a uma máquina externa que remove CO2 e adiciona oxigênio ao sangue. Não há bombas mecânicas –é o coração do feto que mantém as coisas em movimento.
Para o estudo, os pesquisadores testaram seis cordeiros prematuros transferidos do útero de suas mães para o dispositivo, o que ocorreu entre 105 e 112 dias de gestação –o equivalente a 23 a 24 semanas em humanos. Os animais ficaram nos úteros artificiais por até 28 dias.
Nature Communications
O mesmo cordeiro no 28º dia no suporte extrauterino
O mesmo cordeiro no 28º dia no suporte extrauterino
Enquanto estavam nos aparelhos, "os cordeiros mostravam respiração e deglutição normais, abriam os olhos, sua lã crescia, tornavam-se mais ativos, e tinham crescimento, função neurológica e maturação de órgãos normais", disse Flake.
O estudo foi publicado nesta terça-feira (25), na revista científica "Nature Communications".
HUMANOS
Aproximadamente 30 mil bebês, somente nos Estados Unidos, nascem prematuros em estado crítico –entre 23 e 26 semanas de gestação, disseram os pesquisadores.
Nesse período, um bebê pesa um pouco mais do que 500 g, seus pulmões ainda não conseguem lidar com o ar e suas chances de sobrevivência são mínimas. A taxa de morte é de até 70%, e aqueles que sobrevivem enfrentam deficiências por toda a vida.
"Esses bebês têm uma necessidade urgente de uma ponte entre o útero da mãe e o mundo exterior", afirmou Flake.
Os tratamentos disponíveis atualmente para bebês prematuros reduziram o limite de sobrevivência para 22 ou 23 semanas, mas têm um custo alto.
Além de uma alta taxa de mortalidade, os pequenos pulmões e corações dos prematuros são mal equipados para suportar o trauma de intubação, ventiladores e bombas artificiais.
Bebês extremamente prematuros que sobrevivem muitas vezes têm infecções pulmonares crônicas e outros problemas de saúde incapacitantes.
"Uma das principais vantagens do nosso sistema é evitar a insuficiência cardíaca, que vem do desequilíbrio dos fluxos sanguíneos criados com circuitos de bomba", disse o coautor Marcus Davey, pesquisador do Centro de Pesquisa Fetal do Hospital Infantil da Filadélfia e engenheiro líder do projeto.
O objetivo da equipe, disse Flake, era desenvolver um sistema extrauterino pelo qual bebês extremamente prematuros poderiam ficar suspensos em câmaras preenchidas por fluido por algumas semanas vitais até chegarem a idade de 28 semanas, quando suas chances de sobrevivência aumentam drasticamente.
Os pesquisadores estão trabalhando com a agência de alimentos e medicamentos dos Estados Unidos (FDA) para preparar testes em humanos, que poderiam começar dentro de três anos.
Segundo Flake, se os testes clínicos da FDA forem realizados, poderia levar mais três a cinco anos para os dispositivos –caso se mostrem seguros e eficazes para recém-nascidos– estarem em uso. 
http://www1.folha.uol.com.br/ciencia/2017/04/1878463-cientistas-desenvolvem-utero-artificial-para-ajudar-bebes-prematuros.shtml

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