terça-feira, 21 de outubro de 2014


Mosaico é descoberto em tumba grega que pode ter abrigado parente de Alexandre, o Grande

Nicolas Constans
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  • Ministério da Cultura da Grécia/AP
    Mosaico encontrado em uma tumba em Anfípolis (Grécia) pode representar "O rapto de Perséfone", de acordo com arqueologistas que participam das escavações
    Mosaico encontrado em uma tumba em Anfípolis (Grécia) pode representar "O rapto de Perséfone", de acordo com arqueologistas que participam das escavações
A escavação da imensa tumba de Anfípolis (cerca de 600 km de Atenas), na Grécia, continua. A descoberta de um impressionante mosaico sugere que ela guarda um integrante próximo da família de Alexandre, o Grande.
Quem vai devagar, vai seguro. Desde o verão, os arqueólogos gregos que adentraram na maior tumba da Grécia vêm avançando lentamente. E a "colheita" tem sido incrível: duas magníficas esfinges, sem cabeça, logo na entrada; duas impressionantes cariátides, imensas estátuas de mulheres minuciosamente executadas, além da borda de uma misteriosa quarta sala, no final de uma escadaria. É preciso avançar com cuidado e registrar o máximo possível de informações.
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Descoberta tumba de 1200 a.C no Egito7 fotos

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8.mai.2014 - Arqueólogos egípcios descobriram a tumba que seria do encarregado dos arquivos do Exército durante a última etapa do período Ramesida (1292 a 1069 a.C.), nos arredores da cidade de Menfis. O sarcófago tem 12 metros por 6, e possui dezenas de hieroglifos e artefatos Leia mais Khaled Elfiqi/Efe
Mas a escavação acaba de passar por uma nova etapa. Os arqueólogos haviam descoberto, até então, três salas. E a segunda parecia estranhamente vazia. Quando os arqueólogos a esvaziaram completamente da terra que a preenchia, eles entenderam o porquê: ela continha um mosaico de minúsculas pedrinhas e várias cores.
"Uma descoberta sensacional", comenta o historiador grego Miltiade Hatzopoulos.
Ela representa Hermes conduzindo os dois cavalos de uma biga na qual se encontra um homem barbudo, com uma coroa de louros e enrolado em uma toga vermelha. É possível reconhecer Hermes ali por suas sandálias aladas, seu capacete, sua capa e seu bastão, o caduceu. Quanto ao personagem barbudo, ele lembra um pouco Felipe 2º, pai de Alexandre, o Grande, representado dessa maneira em algumas moedas. Mas, mais provavelmente, trata-se de Hades, o deus do Inferno.
Atrás desse último, o mosaico ainda não havia sido completamente desenterrado no domingo (19); haveria ali possivelmente lugar para um terceiro personagem. Vários comentaristas, entre eles o historiador Miltiade Hatzopoulos, já citavam Perséfone, filha da deusa Deméter. A revelação da totalidade do mosaico, trazendo uma mulher vestida com uma túnica branca, confirma isso agora.
"O mosaico evoca claramente uma cena clássica da mitologia, o sequestro de Perséfone. Mas é exatamente essa cena que é retratada nas duas tumbas reais da dinastia macedônia". A primeira figura no trono da "tumba de Eurídice", nome da avó de Alexandre, o Grande, que poderia ser a ocupante dela --a tumba, bem datada, é mais ou menos contemporânea de sua morte. A segunda era retratada no frontão da provável tumba do pai de Alexandre. Em uma entrevista, a arqueóloga responsável pela escavação dá a entender, sem no entanto confirmar oficialmente, que se trata de fato de uma tumba de um dos membros da família de Alexandre Magno.
Na mitologia grega, Hades sequestra Perséfone para levá-la ao Inferno, deixando desesperada sua mãe, Deméter, deusa da agricultura e das colheitas. Mas Zeus acaba concedendo a Deméter que ela tenha sua filha por metade do ano, o que deu origem às estações.
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Naufrágio de 100 anos no mar Adriático atrai mergulhadores6 fotos

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22.jun.2014 - Um mergulhador nada próximo à proa do naufrágio do navio Barão Gautsch no mar Adriático, perto da cidade de Rovinj, na Croácia. O barco de vapor afundou em 13 de agosto de 1914, está a uma profundidade de 40 metros e é uma das atrações mais populares para mergulhadores da região. A embarcação, originalmente usada para carregar passageiros, foi alugada pelo Exército austro-húngaro para o transporte de tropas após a eclosão da Primeira Guerra Mundial, em julho de 1914, mas atingiu um campo minado menos de um mês depois. Estima-se entre 240 e 390 pessoas morreram no naufrágio Antonio Bronic/Reuters
A cena representada é claramente funerária --o deus Hermes é de fato aquele que leva as almas ao Inferno. Isso elimina definitivamente as dúvidas que alguns arqueólogos tinham sobre a natureza do monumento: trata-se de fato de uma tumba. Muitos haviam chamado a atenção para a falta de uma porta, que costumava fechar as tumbas macedônias dessa época. Mas a escavação revelou, há pouco tempo, os escombros de uma porta de mármore nos terraplenos, que se encaixa na entrada da terceira sala, logo depois do mosaico.
Também há um buraco, até o momento inexplicado, no mosaico, com cerca de 80 centímetros de diâmetro. Passagem subterrânea de saqueadores, erosão devida a um escoamento de água, não se sabe a razão. Mas há muitos escombros presentes nos terraplenos, então restauradores poderão reconstituir, em parte, a área que falta.

Inscrições?

Segundo a pesquisadora americana Dorothy King, o ministério grego da Cultura não teria divulgado uma descoberta feita no início de 2014, que ligaria Alexandre à cidade de Anfípolis, e que por esse mesmo motivo poderia associar esse monumento ao conquistador. A inscrição, se for mesmo uma, falaria dos "cavalos de Alexandre". Essa informação, se for confirmada, reforçaria uma das principais hipóteses sobre o papel desse monumento. Seria uma tumba que Alexandre, o Grande, teria mandado construir para ele mesmo, mas que ele não teria ocupado, uma vez que as incertezas de sua sucessão afinal levaram seu corpo para o Egito, em Alexandria.
Como, a princípio, a abertura da tumba só começou no verão, isso significaria que os arqueólogos teriam encontrado essa inscrição fora do túmulo: provavelmente nas pedras do muro externo ou em frente à entrada com a esfinge. Ou ainda no topo do túmulo, onde estão as fundações do pedestal da estátua do leão. A imprensa grega havia anunciado a descoberta de duas inscrições no início de setembro, que o ministério em seguida desmentiu, sem muita convicção.
Tradutor: UOL

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